verbo
transitivo
1. Instituir em nação.
2. Tornar nacional; naturalizar.
3. Aclimar.
verbo
pronominal
4. Naturalizar-se.
Gosto desta definição. Não se socorre das conjecturas de
natureza político-ideológica sobre a posse dos meios de produção, a luta de classes
ou os prós e contras do capitalismo face ao socialismo. É uma definição que,
estando limpa dos ruídos que as velhas cassetes sempre acumulam - rebobinem
elas para a esquerda ou para a direita –, não foge do fulcro da questão.
Nacionalizar é tornar nacional. É dar a posse de algo a uma
nação, ao conjunto de pessoas que partilham um território, uma cultura, uma
história e, frequentemente, uma língua.
O antónimo de nacionalizar é privatizar. É uma palavra que tem
associada uma aura de eficiência e modernidade: evoca termos como bolsa, OPV,
capitalização, índice bolsista e outros que gostamos de repetir, como as
crianças fazem quando acabam de aprender uma palavra. Bolsamos como as crianças
pequenas.
Infelizmente o antónimo de nacionalizar é eufemístico. Usamo-lo porque
o mais correcto “desnacionalizar” nos faria lembrar a verdadeiras consequências
de o fazer. Privatizar é, na verdade, tornar não-nacional aquilo que antes o
era.
É engraçado medir a distância a que estamos das intenções de
quem tomou as decisões de privatizar as grandes empresas públicas, garantindo
que os centros de decisão sempre estariam em mãos nacionais. Se eram intenções
verdadeiras ou falsas não interessa agora. O facto é que, como agora
constatamos com a fusão da PT na Oi ou com as ameaças do Catroga assim que se
fala em alterar as tarifas eléctricas, a nossa capacidade, enquanto nação, de
decidir sobre sectores essenciais deixa de existir quando os privatizamos.
Privatizar é deixar que
países maiores, mais ricos ou mais poderosos que o nosso tenham o poder de
decidir sobre o fornecimento de coisas tão essenciais para a nossa vida
quotidiana como as telecomunicações, a electricidade ou, mais cedo que tarde,
os correios. Países colossais como o Brasil ou a China que dificilmente seremos
capazes de enfrentar (ou de fazer com que os nossos aliados enfrentem) quando
estes serviços não estiverem a ser fornecidos de acordo com as nossas
necessidades.
Como diz o Priberam, nacionalizar é instituir em nação.
Privatizar é destituir essa nação. É tirar-lhe o poder de decidir sobre si
mesma. Até que deixe de o ser.
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