terça-feira, 15 de outubro de 2013

Machete


substantivo masculino
1. Sabre de artilheiro, com dois gumes.
2. Faca de mato.
3. [Música]  Viola pequena.
4. [Música]  Espécie de viola pequena de quatro cordas. = BRAGA, CAVAQUINHO


Machete tem, como explica o Priberam, dois gumes: se por um lado lida mal com a verdade, tem “incorrecções factuais” e “erros involuntários” por outro, consegue, com um pedido de desculpas inadequado, injustificado e incompetente, enfurecer um dos principais alvos dos esforços diplomáticos de sucessivos governos portugueses.

Se Machete fosse um sabre, seria um sabre rombo. Um que não corta com nenhum dos gumes – nem o da honestidade nem o da competência. É um artilheiro incapaz de acertar no alvo, mesmo que com ele partilhasse uma cabine telefónica.

Valerá a pena ponderar se a importância dada à relação com Angola é justificada mas não o quero fazer agora. O que agora me preocupa é a posição em que Machete deixou as vidas de dezenas de milhares portugueses que para lá fugiram da miséria que ajudou a criar por cá. Digo vidas porque, sentados no conforto da Europa Ocidental, tendemos a esquecer que a vida humana não tem o mesmo valor em todo o lado. E que em poucos sítios vale tanto como cá.

A viola de Machete já devia estar guardada no saco há muito tempo. Aliás, nem deveria ter saído de lá, tirada como foi da cartola de um Coelho inábil, esse maestro lastimável da orquestra desafinada e desfasada que teima em tocar a mais cruel marcha fúnebre. A do nosso enterro.              

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