substantivo
feminino
1. [Popular] Grande conveniência.
2. Recompensa imerecida.
3. Lucro inesperado.
4. Compra vantajosa.
Diz o DN que a Lonely Planet classificou Portugal no Top10 de sítios a visitar em 2014 sob a categoria best value. A reputada editora destaca os bons preços de
Albufeira, o maravilhoso café e doces por poucos euros e a possibilidade de
fazer passeios baratos nos eléctricos de
Lisboa. Argumentos de mérito duvidoso mas quem sou eu para desmentir a Lonely
Planet?
Portugal é uma pechincha. Oferece, como diz o dicionário,
uma grande conveniência ao turista que nos escolher como destino de férias.
Somos uma compra vantajosa, uma espécie de prémio que inesperadamente sai
sempre, dado de forma imerecida a todos os estrangeiros que aterram na Portela.
Demasiado bom para ser verdade.
Tão bom que nem me apetece entrar pelo que esta honra
significa realmente. Interessa apenas destacar que a Lonely Planet tem razão.
Este país é mesmo uma pechincha. O Museu Berardo não é bem o Prado mas é
gratuito. A Torre de Belém não é de Eiffel mas é mais barata. E o nosso Coliseu está tão degradado como o de Roma mas tem palhaços no Natal.
O único problema de Portugal são mesmo os portugueses. Os
médicos e reparadores de esquentadores que desconhecem o conceito da “hora
marcada”, os condutores que galgam as filas de trânsito até se enfiarem, mesmo
no último segundo, num espaço impossível, os empregados de café que nunca têm
troco e desdenham as notas com que queremos pagar como se estas fossem notificações
fiscais e os donos de cães sem trela que acham que basta dizer “ele não morde”
para que uma criança deixe de estar aterrorizada com o animal que corre na sua
direcção.
Portugal é um bom destino de férias. É barato e agradável para
visitar e, nos últimos tempos, essa faceta tem sido bem cotada nas mais
variadas publicações da especialidade por esse mundo fora, escritas por e para
quem nunca teve de viver em Portugal. E de conviver com portugueses.
A pachorra volta dentro de momentos.