(latim germanus, -a, -um, que é da mesma raça,
irmão)
substantivo masculino
1. Filho do mesmo pai e da mesma mãe.
2. Membro de uma mesma irmandade, confraria
ou comunidade religiosa.
3. Título de fraternidade que os homens
podem dar-se mutuamente.
4. Pessoa muito amiga de outra.
adjectivo
5. Igual, semelhante.
No meio dos tesourinhos autárquicos que enchem a imprensa nos dias
que correm, hoje li uma notícia tocante: O Governo de Timor-Leste decidiu doar
um milhão de dólares a Portugal para auxílio às vítimas dos incêndios deste
verão.
A verba, lida assim, não é muito grande. Mas se pensarmos que
Timor-Leste tem um décimo da população portuguesa, um PIB 20 vezes menor que o
português e um orçamento de estado 50 vezes mais pequeno, este número assume
outra grandeza.
Lê-se, no comunicado do governo
timorense, que “a perda de vidas e de bens no país
irmão assumiu proporções sem precedentes que afectam milhares de pessoas em
centenas de comunidades.”. No país irmão.
É isso que toca. A menção à fraternidade que os timorenses sentem
por Portugal.
Timor é um país que está literalmente nos antípodas, que mal fez uma década de
autodeterminação e que ainda dá os primeiros passos, inseguros mas promissores.
E que apesar disso, da distância e do trabalho que dá montar um país, não
esquece a ligação ao irmão. Ao país irmão.
Timor promete. É um país que descobriu novas riquezas mas ignorou os tiques de novo rico. Que segue, provavelmente como nenhum outro país, o
evoluir das maleitas do irmão mais velho, que sofre com elas e que oferece a
sua ajuda mesmo quando este, por orgulho típico de quem já cá anda há mais
tempo, tem vergonha de a pedir.
Enquanto andamos fechados sobre nós próprios, distraídos pela
quinzena dos caciques provincianos de
que não precisamos, Timor ensina-nos uma lição. A de que as nações podem ser
irmãs. “Muito amigas” como diz o dicionário. Alguém que se ajuda sem
condicionalidade ou interesse e que, não podendo resolver todos os
problemas, mostra que os conhece e que está connosco. Venha o que vier.