(latim referendus,
-a, -um, particípio passado de refero, referre, trazer ou levar de
novo, remeter, dar, responder, relatar)
substantivo
masculino
1. [Diplomacia] Mensagem que um representante diplomático expede
ao seu governo a pedir novas instruções.
2. [Política] Direito que têm os cidadãos de se pronunciarem
directamente sobre as grandes questões de interesse geral.
3. Votação em que se exerce esse direito. =
PLEBISCITO
A juventude existe para almofadar o choque entre o mimo
inconsciente da infância e a brutal responsabilidade exigida quando chegamos à
idade adulta. É a idade em que recebemos a liberdade, a vitalidade, a
sensibilidade e a imaginação que antes não tínhamos e que, com a chegada ao
estado adulto, nunca mais voltará.
É um estado, um estágio se preferirmos, em que podemos, sem
consequências de maior, fazer aquilo que nos der na real gana. Serve para
experimentar e ultrapassar os limites que mais tarde irão conduzir a nossa
vida. A juventude é (e deve ser) um tempo em que investimos em coisas como concertos de rock ou de música
clássica, paixões violentas ou insignificantes, amizades eternas ou fugazes,
viagens reais ou imaginárias – estas habitualmente proporcionadas por livros,
estupefacientes ou diferentes tipos de bebidas alcoólicas -, e, acima de tudo a
aprender. E é indispensável aprender muito nem que para isso se tenha de
estudar. É a altura em que se exige que exageremos.
O que sempre me escapou ao entendimento é a opção dos que
preferem gastar esse tempo de ouro (e de lama e de areia – preferencialmente da
praia) aderindo a juventudes partidárias. Não ignoro que a juventude é a altura
dos idealismos puros e exacerbados mas confundir isso com partidos políticos é como
pegar em bugalhos para temperar a carne.
As jotas são a maneira de evitar a juventude tecnicolor e entrar
directamente para o cinzentismo da idade adulta. As jotas são as juventudes
cotas.
Os cotas partidários – especialmente os que já foram jotas -
adoram as juventudes. Gostam do seu particular apreço por colar cartazes,
buzinar nas campanhas e fazer claque em comícios.
Não me lembro de alguma vez ter visto o símbolo de uma jota no
boletim de voto mas, aparentemente, têm acesso ao parlamento e conseguem estropiar
o processo legislativo, anulando uma lei já votada em plenário e levando-a a
referendo eleitoral. Não vale a pena tentar perceber se o fazem por frete ou
por convicção: o nível de requinte é tão escatologicamente baixo para ambas que
torna o esforço interpretativo perfeitamente escusado.
O que vale a pena é rentabilizar o custo do acto referendário
(austeridade é coisa para velhinhos e funcionários públicos) para voltar a
consultar a população sobre coisas importantes. Como diz o Priberam, sobre as
grandes questões de interesse geral. Como o aborto, por exemplo.
Assim, deixo à discussão pública, pergunta formulada e tudo, a
seguinte consulta sobre o aborto, essa chaga social:
- Devem os elementos da jotas ser impedidos de emitir qualquer
opinião política antes de, comprovadamente, terem alcançado um nível
intelectual igual ou superior ao de um gafanhoto?
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